Agência Rio de Notícias

quarta-feira, 1 de julho de 2009

André Mansur e as histórias da Zona Oeste carioca - Globo online enviada por Miguel Conde em 2/2/2009

O título do novo livro do jornalista André Luis Mansur, "O Velho Oeste carioca" (Ibis Libris), sugere à primeira vista mais um relato sobre o bangue-bangue diário em que a vida no Rio de Janeiro às vezes parece transformada. Não é nada disso, explica o autor. O livro conta uma história menos sangrenta, mas à qual não falta dramaticidade: o desenvolvimento da Zona Oeste do Rio de Janeiro. A partir de relatos da época e trabalhos de historiadores, Mansur conta uma história que a maioria dos cariocas desconhece, e que ajuda a entender um tanto da cidade atual.

Nos comentários sobre a última eleição municipal, houve quem apontasse um antagonismo entre Zona Sul e Zona Oeste. O que você acha disso?

AM - Acho que existe um antagonismo principalmente cultural. Na zona sul, você esbarra em teatros, cinemas, museus e centros culturais, enquanto na parte da zona oeste que estudo no livro (de Deodoro a Sepetiba) não há sequer uma livraria de peso. Em relação à memória da região, tema do meu livro, destaco uma instituição que faz um trabalho muito importante, que é o Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica (Noph), de Santa Cruz.

O título do livro sugere que a Zona Oeste do Rio foi, ou talvez ainda seja, uma espécie de terra sem lei. Essa percepção é correta?

AM-Na verdade, quando pensei no título, pensei principalmente na sonoridade dele e na curiosidade que poderia despertar, características que me foram confirmadas por muita gente que se sentiu atraída pelo título. No caso da “terra sem lei”, há alguns trechos que falo disso em relação aos problemas de limites e demarcação de algumas das antigas fazendas, que muitas vezes deram origem a conflitos.

O desenvolvimento urbano do Centro e da Zona Sul é razoavelmente conhecido, mas o da Zona Oeste não. Como ele se deu?

AM-Com exceção da Fábrica de Tecidos Bangu, foi basicamente um desenvolvimento agropastoril, com destaque para a Fazenda de Santa Cruz - uma das maiores do Brasil na época em que foi dos jesuítas e chamada de “jóia da Coroa” -, muitos engenhos e o ciclo da laranja, que fez de Campo Grande o maior produtor da fruta nos anos 30 e 40 do século passado. A exceção deste contexto foi a área entre Realengo e a Vila Militar, que, por opção estratégica, foi ocupada principalmente por quartéis do Exército.

Como estudar a história da Zona Oeste nos ajuda a entender o atual estado da região, e em particular seus problemas?

AM-Um dos grandes problemas da Zona Oeste é que ela passou de uma área rural para uma área urbana muito rapidamente nas últimas décadas. Não houve uma fase intermediária, uma fase sub-urbana. Com isso, surgiram diversos problemas, como crescimento populacional desordenado, trânsito caótico e diversas questões de “ordem pública”, para usar uma expressão que está na moda, como poluição sonora, por exemplo. Isso sem contar a degradação ambiental verificada nos parques florestais e no litoral, principalmente em Sepetiba e na Pedra de Guaratiba.

Quais foram os principais autores que registraram algo sobre a vida na Zona Oeste nos séculos anteriores?

AM-Além de autores importantes da região, como o historiador Benedicto Freitas, que escreveu uma coleção de três volumes sobre Santa Cruz, cito autores que dedicaram um bom espaço à região em livros sobre o Rio de Janeiro, como Brasil Gerson, Noronha Santos e Monsenhor Pizarro, sem contar os muitos visitantes europeus que estiveram na região, como a inglesa Maria Graham e o pintor francês Jean Baptiste Debret.

Durante sua pesquisa, o que te surpreendeu sobre a região?

AM-Sem dúvida, foi a história da Fazenda de Santa Cruz, principalmente do período a partir da chegada do príncipe-regente D. João, em 1808, que se apaixonou pela região e transformou o prédio principal da fazenda em palácio de veraneio. Saber que um bairro da zona oeste se tornava sede de um poderoso império durante vários meses do ano realmente me surpreendeu. E a excelente condição da sede da fazenda (hoje é a sede do Batalhão de Engenharia Militar Villagran Cabrita), sempre recebendo visitas de pesquisadores e alunos de escolas públicas, é uma referência perfeita de como pode e deve ser preservado o imenso patrimônio histórico da região.

Consumo de moluscos da Baia de Sepetiba continua suspenso

A Secretaria de Estado do Ambiente receberam no dia 10 de junho, novos resultados dos testes realizados em amostras da água e de moluscos da Baía de Sepetiba, que abrange os municípios de Mangaratiba, Itaguaí e parte do Rio de Janeiro. Os exames confirmaram as presenças dos dinoflagelados Alexandrium minutum e Karenia/Karlodinium, potencialmente tóxicos.
Por precaução, a Secretaria mantém a recomendação para que a comercialização e o consumo de moluscos da região – mariscos, vôngoles, coquiles e ostras - sejam suspensos, até que o resultado das análises seja negativo para a presença das fitotoxinas.
O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) vem monitorando a região em parceria com o Laboratório de Ficologia (Museu Nacional - UFRJ) e com o Laboratório de Estudos sobre Algas Nocivas (Uniavali - Santa Catarina). Outras amostras serão coletadas semanalmente para verificar a permanência desses organismos na água.Fonte: Governo do Estado do Rio de Janeiro