Agência Rio de Notícias

domingo, 9 de agosto de 2009

História do Rio de Janeiro - Trechos de livros

Anotações de Noronha Santos – Memórias para servir à história do Reino do Brasil / Luis Gonçalves do Santos, 1981 , Editora da universidade de São Paulo.

MARTIM AFONSO DE SOUZA - “O ano de 1531 assinala, não a 1 de Janeiro, mas em 31 de abril a chegada ao Rio de Janeiro da esquadrilha de Martim Afonso de Souza, cujo diário da navegação, escrito por Pero Lopes de Souza, irmão do chefe da expedição foi descoberto por Varnhagen em arquivo português e publicado no tomo XXIV”.
“Vinte e nove anos antes da chegada da expedição de Martim Afonso, uma esquadrilha de três caravelas descobrira a 1 de janeiro de 1502 a baía de Guanabara e, na suposição de se encontrarem os navegantes em frente à foz de um grande rio, deram-lhe a denominação – Rio de Janeiro – mais tarde transmitida ao continente. Alguns cronistas e historiadores registram,uns o nome de Gaspar de Lemos e outros o de Nuno Manuel, como chefes dessa expedição”.
“Rio Branco, em suas efemérides brasileiras (pág 21, 1938) atribui a André Gonçalves o comando da esquadrilha, na qual o célebre cosmógrafo florentino Américo Vespúcio tinha a mestrança de um dos navios. Mias duas expedições aqui aportaram, uma em 1503, sob o comando de Gonçalo Coelho, fundando um arraial e construindo a casa de pedra junto a foz do Rio Carioca (casa de branco) e a de Fernão Magalhães, em Dezembro de 1519, demorando-se de 13 a 26 desse mês nas águas guanabarinas, encontrando os expedicionários regular criação de galináceos e incipiente lavoura, introduzidos pela gente de Gonçalo Coelho”.
VILA VELHA – “A fundação da cidade do Rio de Janeiro a 1 de março de 1565 na várzea do cara de cão, atendeu à necessidade imperiosa de se exteriorizar o domínio português nas águas da Guanabara, para se contrapor às guerrilhas francesas e tamoias. A cidade se assemelhou mais a um acampamento, do que propriamente a um centro urbano de atividade civil. “ Levantamos esta cidade – disse o capitão mor Estácio de Sá – que ficará por memória do nosso heroísmo e de exemplo do valor às vindouras gerações, para ser a rainha das províncias e o empório das riquezas do mundo”. Em sessão prepraratória do primeiro congresso de história nacional, celebrada a 5 de julho de 1913, sob os auspícios do Instituto Histórico, resolveu se colocar uma pedra simbólica na várzea do Cara de Cão, assinalando os fundamentos da primitiva cidade.Após demoradas e pacientes investigações do historiador José Vieira Fazenda, assentou-se, a 20 de janeiro de 1915, um marco denominado praia de fora, na fortaleza de são João com a seguinte Inscrição”:
“Neste local foram lançados os primeiros fundamentos da cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro”

A INVASÃO FRANCESA DE DUCLERC – “João Francisco Duclerc, chefe da primeira invasão francesa no século XVIII, natural de guadelupe, tendo operado desembarque com sua gente em Guaratiba a 11 de setembro de 1710, acampou a 18 do mesmo mês no engenho velho dos Jesuítas, dispondo-se a atacar a cidade no dia seguinte. Compelido a render-se, só o fez, porém, depois de sanguinolento combate com as companhias de Bento do Amaral, Francisco Xavier, Gregório de Castro Morais, irmão do governador e de estudantes dos pátios do colégio dos jesuítas.Hostilizados pela artilharia do morro do castelo e envolvidos os franceses por sucessivas cargas de cavalaria, tendo a repeli-los os próprios moradores que os alvejaram com água e azeite ferventes, fortificaram-se no trapiche de Luiz da Mota, nas imediações da casa da Alfândega. Diante da resistência que opuseram os defensores da cidade, resolveram os franceses capitular. Prisioneiro, o chefe dos invasores, desde a manhã de 19 de Setembro, no convento do padres em companhia de oficiais e soldados, alguns dos quais foram removidos para diferentes lugares, passou depois para o forte de São Sebastião, de onde saiu com destino a casa do tenente Tomás Gomes da Silva, debaixo de severa vigilância. Ficava essa casa nas proximidades da igreja da Candelária, a pequena distância de um cruzeiro de pedra, na esquina das atuais rua da Quitanda e General Câmara (...) Pelas 8 horas da noite de 18 de março de 1711, quatro homens embuçados penetraram inopidamente naquela casa e assassinaram João Francisco Duclerc, que teve sepultura na capela de São Pedro. A verdadeira causa desse crime permanece até nosso dias envolta em impenetrável mistério. Na carta ao governo da metrópole escreveu Francisco de Castro morais, em 25 de julho de 1711, narrando os acontecimentos que culminaram com a vitória das armas portuguesas, declarou o governador do Rio de Janeiro que “Duclerc era um debochado e pretendera, com escritos, algumas mulheres honradas”.

MATADOURO DE SANTA LUZIA – “Na correição do ouvidor Antonio Pinheiro amado, procedida nos paços do conselho a 23 de abril de 1777, requereram os vereadores que sem demora, se fizesse um matadouro, porquanto o gado era abatido no campo e se cortava a carne na casa do açougue.Resolveu o alto magistrado mandar ocupar a casa que se havia concluído em Santa Luzia para outro fim, acrescentando-se-lhe,porém, os currais, destinados às rezes.No mesmo ano, o vice-rei Marquês de Lavradio determinou a instalação do matadouro para São Cristóvão – transferindo-se definitivamente em julho de 1853.Durante 28 anos esteve na chácara do curtume o matadouro o matadouro do Rio de Janeiro. A 2 de dezembro de 1881 instalou-se no curato de Santa Cruz, em terras então pertencentes à família imperial.” (...)

ANO DE 1813 – “Pelo decreto lei de 26 de julho houve o príncipe regente Nosso Senhor por bem ordenar, que os aforamentos atuais que se acham incluídos na demarcação da sua fazenda de Santa Cruz, sejam demarcados, e reduzidos a aforamentos perpétuos, na forma da ordenação do Reino, pagando os foros atualmente estipulados, ou os que sua alteza houver por bem, e os laudêmios de quarentena na vendas, e semelhantes alienações; com declaração, que nas demarcações se não deverão compreender (onde não houver já limites certos) terrenos, que ainda estejam em matos virgens, quando os prazos excederem a quatrocentas braças em quadro, ou o seu equivalente terreno, impondo-se a todos as condições, de que não poderão derribar os matos virgens nos altos das serras, e no cume dos montes, e as mais, que forme conformes a direito”.

“Pelo mesmo decreto mandou sua Alteza Real, que no sítio de Sepetiba se demarcasse o terreno conveniente para se fundar uma povoação para a comunidade dos pescadores, e pessoas, que ali habitam, designando-se o terreno, que for mais a propósito, e proporcionado à mesma povoação, o qual repartirá livre, sem mais foro do que um módico reconhecimento por cada morador, que agora, ou para o futuro ali edificar, para o senhorio do terreno, ou ele seja somente na fazenda de Santa Cruz, ou compreende em alguma outra das fazendas confinantes,,pois todas tem o ônus de dar terreno livre para povoações, que por ordens régias se houveram de fazer. Outrossim ordena sua alteza que nas divisões, e assinação dos terrenos, se seguirá a norma estabelecida na Câmara desta cidade, no que for aplicável, tanto para o número das braças, que devem assinar-se para cada edifício, como para o arruamento deles, assinando-se somente terrenos àqueles, que houverem de edificar.”


Suma Histórica da companhia de Jesus no Brasil (Assistência de Portugal) – 1549 –1760 – Serafim Leite – Junta de investigações do Ultramar – Lisboa 1965

Página 127 – “(...) em 1614, numa seca da Baía, organizaram-se muitas procissões rogativas ad petendam pluviam, participando o colégio com duas, uma dos estudantes da Congregação de Nossa Senhora, outra dos meninos da escola (...) começaram a entoar dois as ladainhas a porta da nossa igreja da banda de fora, e respondendo os mais se foram se forma pelas ruas principais da cidade, com edificação mui notável dos que os viam, não sabendo se se espantassem mais da ordem e concerto com que iam, se da devoção que mostravam (...) começou o ato com meninos, mas como se continuou e voltaram por adonde saíram, podia-se ver o acompanhamento de gente que traziam após si (...)”
“(...) Manifestações como esta, dada a irregularidade das chuvas no nordeste, repetiam-se com freqüência, nem havia colégio, residência, aldeia, que não organizasse as suas procissões, tanto titulares e litúrgicas como ocasionais (...) e que os documentos, aqui e além, recordam, como a procissão dos Passos no Maranhão (...) Acrescenta-se ainda as procissões das numerosas fazendas da companhia, entre outras a de Santa Cruz no Rio de Janeiro, cuja festa titular (Exaltação de Santa Cruz, 14 de Setembro) se concluía com uma procissão em que se incorporavam as confrarias da fazenda rematando com o Te Deum.”
“ As confrarias de fazendas agrícolas como esta de Santa Cruz, e as congregações marianas, como a da Baía acima nomeada, foram e são em todo o mundo católico válidos sustentáculos do culto divino”.
“(...) A Fazenda de Santa Cruz era uma povoação perfeita. Com tudo o que é indispensável a vida civilizada progressiva, com as características de grande estabelecimento agropecuário: igreja, vasta residência de sobrado, hospedaria, escola de rudimentos para os meninos da catequese, hospital, cadeia e variadas oficinas de trabalho sem excluir para o fim a de prata lavrada: ferraria, tecelagem, carpintaria, olaria, casa de cal, casa da farinha, descasca de arroz, casa de curtumes, engenhoca de aguardente,engenho de açúcar em construção, estaleiro onde se fabricavam canoas e até grandes sumacas. Roças de mandioca, feijão e algodão. E só no núcleo central da povoação as senzalas eram 232, onde as famílias viviam sobre si mesmas, à parte, se eram de prole numerosa.”
“Também se criava gado nessa modelar fazenda, mas este é já outro importante ramo de subsistência da companhia de Jesus no Brasil.” “(...) O seu gado Vacum em 1757 eram 9344 cabeças e dava anualmente ao colégio do Rio de Janeiro 500 reses. Em 1724 abasteceu de gado uma grande armada francesa que passou pelo Rio vinda do Peru (...)”“ Os Jesuítas construíram pontes (...) sobressaindo em obras hidráulicas a fazenda de santa Cruz no atual estado da Guanabara.