Agência Rio de Notícias

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Reflexões acerca do que sabemos sobre a história de Sepetiba

Reflexões acerca do que sabemos sobre a história de Sepetiba



Até então uma das únicas referências bibliográficas acerca da história de nosso querido bairro de Sepetiba era o livro do escritor e morador de Sepetiba Alcebíades Rosa “A história de Sepetiba” porém, ao “revisitarmos” documentos, ouvirmos relatos etc. percebemos que muito do que sabemos e do que lemos é um tanto quanto contraditório.
A obra de Alcebídes é importantíssima para nós, moradores do bairro de Sepetiba, e merece o status de precursora, entretanto não possuí rigor científico, no que concerne a história e memória do bairro pouco ,ou quase nada foi escrito e divulgado a respeito, inclusive até mesmo órgãos públicos precisaram consultar textos publicados por nós em diversos sites para possuírem referencias quanto a história do bairro e, agora com a continuidade de nossas pesquisas também serão textos com alguns equívocos, pois não estamos livres de erros e contradições.
Eis o motivo : ao investigarmos alguns documentos notamos um dos primeiros erros:
“Essa praia tem sua história , como todos os lugares, (...) nos últimos dias do século passado (XIX) havia em Sepetiba uma linha regular de navegação para os portos do estado do Rio de Janeiro e São Paulo, essa linha dispunha de dois vapores confortáveis, embora pequenos, eram o Angra dos Reis e o Sepetiba, uma ponte de quase duzentos metros de boa argamassa, ligava a ilha da pescaria (hoje ilha dos marinheiros) a terra firme e um bonde de tração animal, partia diariamente da estação de Santa Cruz para Sepetiba repleto de passageiros (...)
Trecho retirado de documento sobre o fuzilamento de 1893.

Acreditávamos que os vapores que circulavam em nossa baía eram o Eco, Lamego e Uranus, de origem militar, transformados em transporte de passageiros, porém vemos que a história é diferente, possuíamos apenas dois vapores o Angra dos Reis e o Sepetiba, pequenos porém de acordo com o texto funcionais e úteis a população.

Aqui outros trechos do referido documento:

“(...)Embora a Ferro Carril fizesse trafegar seus bondes diariamente, pela manhã e a tarde, os passageiros que se destinavam aos estados situados, vinham no próprio dia da viagem, tal era portanto a confiança que tinham na regularidade das viagens, que estavam em correspondência com o horário da navegação.
Um sobrado bem construído cujos vestígios ainda se conservam na praia de Sepetiba era o centro das operações da companhia.(...)”

Esse fato, da credibilidade e freqüência dos bondes e a correspondência com os horários dos vapores não nos foi contado, do sobrado onde localizava-se o centro de operações da companhia não existem mais vestígios, ou será que o prédio ao lado da colônia Z-15/ que já foi Z-9 e hoje não sei exatamente qual é , se situa é remanescente deste sobrado? Por que tantos fatos e tantas histórias nos foram omitidos, negados?

Mais um trecho:

“O Senhor Caldas, engenheiro chefe do tráfego, que com a extinção da companhia fez-se funcionário público até que mais tarde veio a falecer,seu nome se liga hoje a um recanto da praia (praia do Caldas). Nos dias dos vapores, as famílias praieiras vêm as manhãs divertidas a espera dos bondinhos que não tardam a chegar.”

Outro questão controversa a respeito de nossa história: o nome praia do Cardo. Alguns se referem a este recanto como denominado praia do Cardo devido a abundância de uma planta que existia por ali, o cardo pertence à família das Asteraceae e cresce em locais rochosos, sobretudo em terrenos barrentos, podendo ser encontrado na forma selvagem ou cultivada, o que pode reforçar esta tese, pois ali era um local barrento de acordo com alguns documentos e relatos. Outra versão diz que a localidade foi assim denominada devido ao nome de um morador Chamado Ricardo, apelidado “Cardo”, qual seria a verdadeira? E a praia do Caldas? Qual a versão? Por que essas histórias não foram divulgadas e contadas nas escolas locais ? Por que essa falta de valorização até bem pouco tempo atrás?

Outro trecho:
“(...)Em 6 de Setembro de 1893, estalou no Rio de Janeiro a revolta da armada com o almirante José Custódio de Melo a sua frente. Todos os navios (...) no porto fosse de guerra ou mercante, hastearam a bandeira da revolução, sendo que alguns haviam saído barra a fora, rumo ao sul. Depois mais outros.Era então boato corrente, veiculado pelos passageiros ou curiosos que chegavam do Rio, que Sepetiba seria ocupada militarmente. Ora, o corpo do exercito estacionado em Santa Cruz, estava sendo movimentado a toda pressa para descer, a fim de ocupar os pontos estratégicos indicados por Floriano Peixoto.Por outro lado, esses militares mesmos, transmitiam aos pescadores e suas famílias a notícia da segunda ordem recebida no quartel de Santa Cruz, a qual dizia que uma parte do corpo ficaria em Santa Cruz para defender um desembarque que estaria iminente em Sepetiba.(...)”
“(...)Agora os bondinhos, os vagões e outros transportes usados nos serviços da companhia não tinham mais horários.Sepetiba, como Santa Cruz em alvoroço experimentou, pela primeira vez, a sensação que o medo da guerra cria.mas tudo isso ficou pela metade, nenhum navio apareceu em Sepetiba. E dessa localidade mesmo, viam os sepetibanos a passagem de vasos revoltados para o sul.De noite, a luz forte de possantes holofotes tudo iluminava e eles acautelavam-se da melhor maneira possível. Passados os primeiros dias de inquietação, os pescadores retomaram o seu serviço de pesca e se acostumaram, pouco a pouco, paisanos e soldados, na vida de precauções que os acontecimentos impunham.(...)”
“(...)Foi ocupado o morro da faxina como os outros, onde antigamente os coloniais haviam deixado vestígios de fortificações e velhos morteiros de bronze, o que se vê até hoje em alguns recantos da praia.
Decretada a criação da guarda nacional com bons ordenados, Sepetiba foi contemplada e muitos receberam a notícia com bastante prazer, sentindo-se honrados com as suas divisas amarelas de cabos e sargentos.Também conhecemos ali alguns oficiais do primeiro posto nomeados nos primeiros decretos. Dissemos que a pacata Sepetiba tinha mudado seu modo de viver com os acontecimentos decorrentes da Revolta da armada,tendo mesmo alguns naturais sido recrutados para a guarda nacional.Agora podemos acrescentar que este estado de coisas prolongou-se por alguns meses, porque de toda parte um grande número de cidadãos foi chamado ao serviço das armadas de Sepetiba, porém, preferia a guarda - nacional, (...)era de mais fácil acesso, as divisas amarelas da Guarda – Nacional convidava-os e um com número de filhos de pescadores apareceram logo nas suas fileiras(...)”

Se vê hoje resquícios deste período? Não! Nada remete os moradores atuais a esses tempos, inclusive diz-se que o “Morro do Ipiranga” hoje tombado como patrimônio natural e cultural juntamente com o Coreto e a praia do Recôncavo e do Cardo possuía também esses resquícios. Outra questão: por que não tombar a praia de Sepetiba e a Igreja de são Pedro?
Podemos verificar neste trecho outros equívocos existentes nas obras e textos sobre Sepetiba: “(...)na Marambaia e na Ilha grande, uma vez outra, havia troca de tiros, com os canhões dos revoltosos e os pequenos fortes do litoral, até que num dia de janeiro de 1894, pela tardinha, surgiu na praia de Sepetiba o pequeno vapor Lamego, forçado que foi para entregar-se,pois, suspeitava-se que o navio iria incorporar-se aos revoltosos.Isso proporcionou aos moradores de Sepetiba e Santa Cruz dias de grandes sustos e surpresas.A todo momento os boatos surgiam na boca daquele povo,sempre desacostumado aos fatos belicosos da revolução.
E tinham razão para isso, porque com o Lamego, foram capturados muitos marinheiros, e a justiça marcial não se fez esperar, o comandante (...) um major bastante impulsivo, Florianista ao extremo, fez levar vinte e um (21) deles para a Ilha da Pescaria, onde até então havia o porto da companhia Rio – São Paulo, e mandou fuzila-los sem mais delongas. E tudo só caiu muito mal no animo daquela gente.Durante muitos anos, ali (...) eram vistas cruzes, indicando as suas sepulturas.Míseros brasileiros que não eram culpados e sim obedientes às ordens de seus comandantes no mar!(...)”
“(...)E com esse caso ocorrido, que nunca ficou bem apurado, surgiram os boatos que após a chegada do Lamego, que ali estava ancorado chegariam para vir busca-lo outros navios de guerra.E, um dia, por causa disso,noticiou-se a presença do Aquidabã, que já estaria em Sepetiba e forçara a barra do Rio Ita para entrar em Santa Cruz, onde tinha sede o 5º regimento de artilharia.
Isso produziu quase um pânico, sendo que o próprio diretor do Matadouro público, o coronel reformado, Florambel da Conceição, chegou a preocupar-se tanto, que fez a secretária, sua filha, transmitir despachos telégrafos para Sepetiba e outros pontos, pedindo informações.(...)Entre Sepetiba e a praça Santa Cruz, que tudo isso era considerado zona de guerra, transitavam constantemente coronéis com seu estado maior. Eram eles: o Dr. Fernando Continentino, Teixeira da Mota, Avô do Almirante, tão conhecido hoje, Álvaro Alberto, e ainda o coronel Jorge Pinho, depois escrivão de Campo-grande ,visto que também Campo-Grande era subordinado ao comando de santa Cruz.(...)”


O Aquidabã esteve realmente em “águas Sepetibanas”? Por que estes momentos cruciais e importantes para a formação de nosso país ,de nossa “identidade nacional” não foram transmitidos?
Esses e outros equívocos estão sendo apurados pelo grupo de estudos do Movimento Ecomuseu de Sepetiba, por que como diz o lema do NOPH Santa Cruz/ Ecomuseu: Um povo só preserva aquilo ama. Um povo só ama aquilo que conhece.”
E como dizemos: Sepetiba está viva! Tem história! E vontade de transformação: Somos “Espelho onde nos revemos e descobrimos a nossa própria imagem”.

sábado, 10 de abril de 2010

Os Lobos e os Cordeiros por Nilo de Moura

Texto publicado no blog: http://www.mouraemoura.blogspot.com


sexta-feira, 9 de abril de 2010


OS LOBOS E OS CORDEIROS.



Ao longo destes anos , mais aproximadamnete a partir de 1966 , que eu me lembre, mais com agravantes anteriores não vividas por mim . Neste ano estava em Sepetiba , praticamente ficamos isolados parecia que a restinga de Marambaia tinha ido parar na praia do Cardo.As noticias eram de desespero , mortes desabrigados, desabamentos em todo estado do Rio de Janeiro. E pergunto, vários outras vieram , o que se fez?
Só houve de lá para cá a degradação de tudo, da classe politíca , da sociedade que foi perdendo os valores morais , e muitos outros setores . Nós somos os que foram usados e nos mantemos alheios aos fatos e o que veem acontecendo sem tomarmos nenhuma atitude para mudar , nos deixamos dominar, ser usados em diretas que nunca foram já para nós e sim para eles ,por caras pintadas e hoje sujas de tinta para esconder a vergonha de ver os mesmo no poder , pintamos a cara para nos escondermos .Essa esquerda que hoje cobra indenização pela revolução que perdeu , transforma em lucro a ideologia barata de beira de piscina .
E eu que não fugi , fiquei servi sobre a tutela de Hugo de Andrade Abreu , vi em 64 os tanques passar pela rua Dr. Bulhôes em diração a cidade , vi a cavalaria baixar o pau nos estudantes na Praça da Bandeira e não fugi fiquei , levei alimentação e roupas para o exercito em Chambioá, cadê a minha indenização , só porque amavao e não o abandonei, não apaguei a luz. Hoje assisto sem capacidade de reação , eles com o poder roubando e metidos em falcatruas , liberando verbas para mais desvios , industria da seca , industria das chuvas e tragédias , é lucro para eles que ao longo deste tempo fizeram com tenhamos ficado anestisiado e não ternos feito nada, nem em termos de voto para expressar nossos desafetos .
Eles consequiram criar uma industria de ilusão, que tornou a todos nós incapazes de reação .Agora vem as tragédias anunciadas , sabiamos que iria chover , mais não tanto , Deus é o culpado, pelos desgovernos dos Silveiras , dos Limas , Brizolas ,Casal acasalados , Cesares e Cabrais e o que virá se não agirmos imediatamente alijando-os das urnas será tarde, chega de conversa de enganação de profissionais da politica , dar tijolo faz a casa cair .Dinheiro dos royaltes até hoje não se viu a cor no Rio de Janeiro, verbas para obras do governo Federal , cadê , vem mais ai, a loteria que toda semana levanta um dinheirão de apostas , cadê , nossa as verbas roubadas desviadas e ainda não devolvidas , cadê , cadeia ,só para pobres .
Somos responsaveis por termos deixado que isto tudo tomasse o volume da tragédia de Niteroi, para entendermos que já a partir destas eleições o povo Brasileiro tem o dever de escolher bem seu candidato e o que fizer a promessa boa ela será cobrada , temos que continuar o tempo todo cobrando deles , vamos usar as rádios os jornais a internet tudo que possamos fazer uma corrente e por o nome daquele que vender seu voto e o colocou na lama ser desmascarado e mostrado a sociedade como um péssimo governante ou representante nosso.2010 o ano da virada.

domingo, 28 de março de 2010

SEPETIBA NA ROTA DA INDEPENDÊNCIA

De Sinvaldo do Nascimento Souza


Sepetiba, o antigo povoado dos pescadores (...) testemunhou encontros importantíssimos que precedem o périplo de independência do Brasil.Depois da chamada “Revolução Liberal” da cidade do Porto, deflagrada em Portugal no ano de 1820, o rei D. João VI que se encontrava no Brasil foi obrigado a retornar para a Europa, correndo sério risco de perder seu lugar no trono.As “cortes lusitanas”, por sua vez, deram início às primeiras medidas que objetivavam reconduzir o Brasil à sua anterior condição de mera colônia subordinada aos interesses da metrópole.
As conquistas granjeadas ao longo de mais de doze anos, não se restringiram ao plano sócio-econômico-cultural ; determinados brasileiros, entre os quais os irmãos Andradas, não estavam mais dispostos a viverem sob o jugo das Cortes portuguesas, o que deixava claro que tais conquistas também se faziam sob o aspecto político.

Sepetiba, testemunha, já em Dezembro de 1821, a passagem de um emissário: Pedro Dias Pais Leme – que vindo do Rio de Janeiro seguiria em direção à província de São Paulo.Com a chegada dos decretos autoritários provenientes das “cortes lusitanas” e o aprestamento da fragata “União” que deveria reconduzir o príncipe regente (D. Pedro I) a Lisboa, foi iniciado no Rio de Janeiro um movimento que se destinava a receber assinaturas objetivando pleitear que D. Pedro I permanecesse no Brasil, o que já seria “um bom passo em direção da independência”.
Enquanto Paulo Barbosa da Silva era enviado a Minas Gerais, Pedro Dias Pais Leme seguia para São Paulo:

“ ... viajando a cavalo até Sepetiba e servindo-se de barco a vapor, provavelmente um dos primeiros introduzidos no Brasil, na viagem daí até Santos (ou de simples canoa, como asseveram muitos historiadores) Pais Leme chegou a São Paulo na noite de 23 de Dezembro de 1821 (...)”

Eis que entra em cena José Bonifácio de Andrada e Silva, cognominado “o patriarca da independência”, mas rechaçado por muitos quanto a essa lisonja, em particular por determinados setores da Maçonaria. Coube ao sexagenário santista redigir, com grandiloqüência exigida pelo estilo de época, uma carta, que bem definisse a disposição dos brasileiros, em particular, dos paulistas, de não se intimidarem mais perante a metrópole.A carta, sem qualquer exagero, pesava como uma declaração de predisposição à independência.

Dizia o velho Andrada, entre outras coisas: “(...) V.ª real deve ficar no Brasil quaisquer que sejam os projetos das Cortes constituintes não só para nosso bem geral, mas até para a independência e prosperidade futura do mesmo Portugal. Se V.ª real estiver ( o que não é crível) pelo deslumbrado e indecoroso decreto de 29 de Setembro, além de perder para o mundo a dignidade (...) homem e de príncipe, tornando-se escravo de um pequeno número de desorganizadores,terá também que responder, perante o céu, do rio de sangue que decerto vai correr pelo Brasil (...)”
D. Pedro I ficou entusiasmado com aquela missiva, tanto que determinou logo a sua divulgação, embora a publicação somente fosse ocorrer no dia 8 de Janeiro (véspera do “dia do Fico”) nas páginas da “Gazeta do Rio”.

Os Paulistas não ficaram satisfeitos com apenas o envio daquela carta e logo nomearam quatro representantes para entregarem, no Rio de Janeiro, uma representação a D. Pedro I. Provenientes de Santos, viajaram embarcados em um navio a vapor até Sepetiba, onde chegaram em 17 de Janeiro. “ Sepetiba, como se sabe, fica perto de santa Cruz, local da antiga fazenda dos Jesuítas, incorporada aos bens da coroa, que D. João VI tanto freqüentava e de que D. Pedro I também muito gostava. Na ocasião da chegada de José Bonifácio e de seus companheiros, havia em Sepetiba, por causalidade, um carro de posta e nele partiram os viajantes em direção a Santa Cruz, tornando assim desnecessários os cavalos mandados pela Princesa D. Leopoldina, então refugiada com os filhos na fazenda real, em conseqüência de perturbações da ordem no Rio de Janeiro”.

Aliás, é bom que se diga que a fazenda de Santa Cruz, serviu , no I império, pelo menos uma outra vez para proteger a família Imperial: em 1831, quando os ânimos se acirravam contra o já imperador D. Pedro I, foi cogitada a vinda do monarca para cá e daqui organizaria uma resistência, o que não se concretizou, pois D. Pedro I resolveu abdicar o trono em favor de seu filho.

Foi em Sepetiba o encontro de José Bonifácio com D. Leopoldina, embora alguns historiadores afirmem que esta reunião teria sido realizada na sede do palácio imperial em Santa Cruz. Octávio Tarquínio de Sousa, na sua biografia de José Bonifácio afirma:

“A primeira mulher de D. Pedro I, dada a estudos de ciências naturais e seduzida pela causa da emancipação brasileira, deveria entender-se muito bem com José Bonifácio. Esperando a representação paulista, já no dia 16 ( Janeiro de 1822) D. Leopoldina estivera em Sepetiba, e , ainda para recebe-la, fazia no dia seguinte a mesma viagem a cavalo quando, no meio do caminho, entre santa Cruz e aquele lugar, a encontrou. Os paulistas e D. Leopoldina entretiveram conversa bastante cordial, sendo que a princesa não conteve o seu “sumo contentamento”, para repetir a expressão de documento oficial que resumiu as minúcias do encontro."

Já na madrugada do dia 18 de Janeiro de 1822 José Bonifácio e demais membros da comissão proveniente de São Paulo partiram para o Rio de Janeiro onde D. Pedro os aguardava.
O simples transito por Sepetiba de personalidades que participaram diretamente e efetivamente de fatos históricos que culminaram com a proclamação da independência do Brasil, já constituem exemplos edificantes para serem observados por todos os sepetibanos que lutam por melhores condições econômicas, culturais e sociais para aquele antigo povoado, colônia de pescadores (...).

segunda-feira, 22 de março de 2010

O Ecomuseu e a Agenda 21

Definições simples

Os Ecomuseus e as Agendas 21

Definições

1.1 – Ecomuseu

“ECOMUSEU é uma ação museológica consciente da COMUNIDADE com o objetivo de desenvolver o TERRITÓRIO que habita, a partir da valorização da História Local e do PATRIMÔNIO (natural e cultural) nele existente.” (NOPH - 2005 - Ecomuseu de Santa Cruz-Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro).

O Ecomuseu deve ser uma expressão do homem e da natureza. Por isso, o objeto neste contexto não é apenas o homem ou o meio ambiente que o cerca, mas a relação que se dá entre os dois e todas as possíveis relações entre o homem e o Real que acontecem no território determinado. Este museu é uma expressão do tempo, quando a interpretação remonta desde o momento da aparição do homem dividindo-se através dos tempos pré-históricos e históricos para chegar no tempo do homem do presente.

Para Varine, o Novo Museu é diferente do museu tradicional na ênfase dada ao território (meio ambiente), em vez de enfatizar o prédio institucional em si; no patrimônio, em vez da coleção; na comunidade, em vez dos visitantes.

É o território que define e comumente nomeia o museu, mais do que o rótulo de "Ecomuseu". Não pode haver um modelo, ele é um estado mental e uma forma de aproximação que acarreta um processo construtivo enraizado no território.

· Território + Patrimônio (Material ou Imaterial) + Comunidade

é a única Museologia que dá suporte ao homem para que este se desenvolva em seu meio, de forma sustentável, a partir de suas relações com o Real.

Fonte: NOPH e Wikipédia.

1.2 - Agenda 21

A Agenda 21 foi um dos principais resultados da conferência Eco-92 ou Rio-92, ocorrida no Rio de Janeiro em 1992. É um documento que estabeleceu a importância de cada país a se comprometer a refletir, global e localmente, sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações não-governamentais e todos os setores da sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para os problemas sócio-ambientais. Cada país desenvolve a sua Agenda 21 e no Brasil as discussões são coordenadas pela Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional (CPDS). A Agenda 21 se constitui num poderoso instrumento de reconversão da sociedade industrial rumo a um novo paradigma, que exige a reinterpretação do conceito de progresso, contemplando maior harmonia e equilíbrio entre o todo e as partes, promovendo a qualidade, não apenas a quantidade do crescimento.

As ações prioritárias da Agenda 21 brasileira são os programas de inclusão social , a sustentabilidade urbana e rural, a preservação dos recursos naturais e minerais e a ética política para o planejamento rumo ao desenvolvimento sustentável. Mas o mais importante ponto dessas ações prioritárias, segundo este estudo, é o planejamento de sistemas de produção e consumo sustentáveis contra a cultura do desperdício. A Agenda 21 é um plano de ação para ser adotado global, nacional e localmente, por organizações do sistema das Nações Unidas, governos e pela sociedade civil, em todas as áreas em que a ação humana impacta o meio ambiente.

Resumidamente pode dizer que uma Agenda 21 Local é um processo através do qual as autoridades locais trabalham em parceria com os vários setores da comunidade na elaboração de um Plano de Ação por forma a implementar a sustentabilidade ao nível local. Trata-se de uma estratégia integrada, consistente, que procura o bem-estar social melhorando a qualidade do ambiente.

Fonte Wikipédia e crescente fértil. org

Ecomuseu e Agenda 21 não só podem como devem caminhar juntos, sendo que são processos distintos muito embora sejam bastante parecidos em alguns aspectos, o Ecomuseu é uma ação museológica com um olhar renovado, o objeto é o homem, o meio ambiente que o cerca a relação entre eles e todas as possíveis relações entre eles e o real, a valorização da história local, da memória e da identidade do povo do território estão em evidência, e éclaro a preservação e manutenção de todo patrimônio natural, cultural etc. existente no território que o Ecomuseu compreende .

A agenda 21 é um documento onde é estabelecida a importância de cada país a se comprometer a refletir, global e localmente e a agenda 21 local é um processo, um plano de ação, que orienta o trabalho em parceria com vários setores da comunidade para elaborar esse plano de ação. A Agenda 21 é uma importante ferramenta para reconverter a sociedade industrial em direção a um novo paradigma, que exige a exegese, análise, do conceito de progresso, considerando maior harmonia e equilíbrio entre o todo e as partes, o que podemos chamar de desenvolvimento sustentável.

segunda-feira, 8 de março de 2010

O que é um Ecomuseu? Qual a sua importância para a comunidade de Sepetiba/RJ?

O que é um Ecomuseu? Qual a sua importância para a comunidade de Sepetiba/RJ?

Voltando...

O que é um Ecomuseu? Qual a sua importância para a comunidade de Sepetiba/RJ?


“ECOMUSEU é uma ação museológica consciente da COMUNIDADE com o objetivo de desenvolver o TERRITÓRIO que habita, a partir da valorização da História Local e do PATRIMÔNIO (natural e cultural) nele existente.” (Ângelo, Carvalho e Louvise; 2005 - Ecomuseu de Santa Cruz-Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro).


Sepetiba foi palco de importantes acontecimentos durante as três principais fases da história do país: Brasil Colônia, império e república; povoado pelos corajosos índios Tamoios, foi aldeamento jesuítico, cenário da batalha naval contra os holandeses, sua baía e praias serviram de local de desembarque para o quinto do ouro, tráfico do mesmo, tráfico de escravos,de pau-brasil, cenário da luta dos corsários dentre outros muitos acontecimentos. Personagens históricos passaram pelo bairro de Sepetiba e navegaram pela baía reconhecendo sua beleza e tranqüilidade, como D. João VI, D. Pedro I, D. Leopoldina, José Bonifácio, o Visconde de Sepetiba, Jean Baptiste Debret dentre muitos outros; abrigou republicanos e anti-republicanos; foi cenário da tragédia ocorrida durante o período de transição Império/República: o fuzilamento dos marinheiros na ilha da pescaria (Ilha dos marinheiros) dentre muitos outros acontecimentos não disseminados ou com sua veracidade ainda não comprovada.


Há indícios de que até mesmo os holandeses estiveram no local, além dos franceses é claro, que inclusive utilizaram a falta de monitoramento na Bahia de Sepetiba para invadirem a cidade, motivo pelo qual algum tempo depois D. João VI mandaria construir ali três fortes temendo uma outra invasão.


Algumas áreas do bairro possivelmente já eram habitadas por índios antes mesmo da chegada do homem branco, a prova disso encontra-se no fato de existirem três sambaquis no bairro devidamente descritos e registrados por arqueólogos, para nos assegurar da veracidade de tal afirmação basta consultar o livro Pré-história do estado do Rio de Janeiro de Maria da Conceição Moraes Coutinho Beltrão de 1978, além disso existem alguns relatos de que foram construídos pelos jesuítas túneis para facilitar fugas, transportes etc. na região, o que poderia ter sido preservado no caso de confirmada a informação. Estes são apenas alguns dos fatos que colocam Sepetiba em notória evidencia histórica.


Além da importância histórica Sepetiba ainda tem seus atributos naturais, por isso mesmo tantas personagens importantes na história do país encantaram-se com o lugar,além de artistas e naturalistas mas Sepetiba vem sendo vítima de um rápido processo de degradação há muitos anos, que vem se configurando desde o inicio do processo de crescimento da cidade, da indústria do Rio de Janeiro, enfim da expansão do capitalismo, a praia maravilhosa que era descrita em livros dos naturalistas e cientistas, pintada por artistas e da qual nossos avós tanto falavam em nada se parece hoje com as descrições que faziam dela.


As obras do Atual de Itaguaí não estavam concluídas em meados do século XX mas o estrago ocasionado pela INGÁ, dentre outros problemas como o crescimento populacional desordenado etc. já era impressionante, áreas de vegetação já haviam sido devastadas para construção de casas a vegetação nativa característica da região desapareceu, a mistura de esgoto despejado nas praias sem tratamento, lixo de todo tipo, material químico dentre outros elementos maléficos para a saúde dos humanos e dos animais, da vida em geral já era rotina no inicio na década de 1990.


A criação de um Ecomuseu em Sepetiba encaixa-se perfeitamente nas necessidades da comunidade e do meio ambiente da região, o Ecomuseu vai além da ecologia, seu conceito é muito mais complexo, o termo está ligado a numerosos outros conceitos como o de território, espaço como objeto de interpretação, sistema museográfico, instituição administrativa, reserva ambiental dentre outros, lugar de memória viva. Sepetiba é rica em histórias e memórias, havia no bairro diversos tipos de manifestações culturais, ocorriam saraus, cirandas, rodas de vários tipos, também há indícios da existência de um folclore local, mitos e lendas que eram contados para as crianças e que felizmente ainda perduram em alguns poucos discursos e relatos que precisam ser documentados e transmitidos para as futuras gerações.


Segundo Thompson (1992) é por meio da história que as pessoas comuns procuram compreender as “revoluções” e mudanças por que passam em suas próprias vidas: transformações sociais, culturais, guerras, mudanças comportamentais, econômicas, mudanças tecnológicas, degradação ambiental etc. Através da história local, um bairro ou uma cidade procura um sentido para sua própria natureza em mudança, em constante transformação e assim estabelecem-se os vínculos, foi isso o que aconteceu com muitos moradores que não são o que se pode chamar de “naturais” de Sepetiba, mas através do conhecimento da história local, do relato de moradores antigos, de velhos pescadores aprenderam a respeitar e a amar o bairro e resolveram então reagir quanto a isso, publicando textos na internet, criando blogs, perfis e comunidades em sites de relacionamento e, finalmente após o contato com os representantes do NOPH e do Ecomuseu Quarteirão Cultural do Matadouro nós, moradores entendemos o significado de Ecomuseu e percebemos como a criação do nosso seria primordial para que não deixemos acabar com o pouco que ainda nos resta de nossa memória e de nossa história.



Através das ações que vem ocorrendo na região a população local foi apresentada a sua história e “tomou de volta” suas memórias, coletando relatos dos moradores mais antigos, pesquisando em arquivos etc, e com a realização da Roda de Lembranças viabilizada pela I Jornada de Formação em Museologia Comunitária que nos colocou em contato direto com outras regiões do país que passaram por problemas semelhantes aos nossos, com o Ecomuseu Quarteirão Cultural do Matadouro, o NOPH e etc. , a nossa indignação foi transformada em ação e então partimos para a elaboração do projeto para o reconhecimento da comunidade como processo ecomuseológico.



Do vínculo com o passado se extrai a força para a formação da identidade (Bosi, 2004), o que ocorria em Sepetiba era um conflito identitário grave e a ausência de vínculo dos moradores mais jovens para com seu bairro e através da orientação dada pelo Ecomuseu de Santa Cruz e pelo NOPH essa situação vem se transformando.De acordo com Pacano (2005), a memória enquanto reconstrução do passado no presente, ou enquanto determinações do passado sobre o presente, pode tanto “escravizar” como “libertar”; os moradores de Sepetiba haviam até então acomodado-se a uma visão central, à interpretação dominante da história nacional que sempre os excluiu e os esqueceu ou (manipulou os registros) e entenderam que era preciso criar um novo conhecimento que valorizasse seu território, seu bairro, sua “terra”, sua história e ainda não acreditavam em sua própria força para a transformação.



O Ecomuseu deve ser uma expressão do homem e da natureza. Por isso, o objeto neste contexto não é apenas o homem ou o meio ambiente que o cerca, mas a relação que se dá entre os dois e todas as possíveis relações entre o homem e o Real que acontecem no território determinado.Este museu é uma expressão do tempo, quando a interpretação remonta desde o momento da aparição do homem dividindo-se através dos tempos pré-históricos e históricos para chegar no tempo do homem do presente.



O Ecomuseu, em sua multiplicidade comunitária constitui-se de uma comunidade e um objetivo: o desenvolvimento desta comunidade. Devido a todo o processo de degradação ambiental famílias inteiras viram-se desamparadas economicamente, pois viviam da pesca, do turismo, e de todo o resto de atividades econômicas relacionadas com o meio ambiente, com a baía de Sepetiba.Com a degradação da baía o único meio de subsistência dessas famílias foi tirado, já não podiam viver da pesca, de seus bares e restaurantes que vendiam o famoso peixe frito de Sepetiba, o delicioso camarão etc., toda a comunidade era voltada para atividades relacionadas com o turismo e a pesca, conseqüentemente dependia das temporadas de veraneio, há uma necessidade imensa de resgatarmos a auto-estima desses homens e mulheres que se sentiram impotentes diante da drástica transformação que ocorreu em suas vidas.



O Movimento Ecomuseu Sepetiba inicia uma luta para que a auto-estima dos moradores tão castigados com todo esse processo de degradação, com a precariedade e a exclusão social, cultural e econômica a que foram expostos voltem a sentir orgulho de si mesmos, de seu bairro, de sua história e de sua baía.



O Ecomuseu ao labutar em favor do desenvolvimento da comunidade, deve levar em conta os problemas e questões colocadas em seu âmago tratando-os de maneira crítica analítica estimulando o processo de conscientização e a criatividade da população, para isso utilizando as informações do seu passado e presente para que ela venha a pensar o futuro de forma questionadora e esperançosa. Nas palavras de Odalice Priosti de acordo com a sua experiência no Ecomuseu de Santa Cruz o Ecomuseu “é um espaço de relações entre uma comunidade e seu ambiente natural e cultural, onde se desenvolve, através das ações de iniciativa comunitária, um processo gradativamente consciente e pedagógico de patrimonialização, apropriação e responsabilização dessa comunidade com a transmissão, cuidado e transformação do patrimônio comum e, conseqüentemente, com a criação do patrimônio do futuro.



A partir dessa prática, a comunidade se conscientiza do seu papel e responsabilidade com o patrimônio, usando-o como um dos recursos para o desenvolvimento local. “Uma educação para a libertação e não para a dominação” plantar a semente, despertar o amor, o desejo de preservação e a conscientização dessas gerações é mister para o desenvolvimento da comunidade.



Nessa atuação pedagógico-museológica criam-se situações de pesquisa, leitura e interpretação do espaço/ território e das mudanças que nele ocorrem em função do tempo, de identificação e preservação de bens simbólicos coletivos, de construção de memória e identidade, de documentação. Sepetiba está viva, tem história e aqui existe muita vontade e amor, desejo de renovação e anseio de transformação, estamos prontos para começar essa empreitada, obrigada Odalice Priosti , Walter Priosti, Bruno Cruz , a todos do NOPH, a Hugue de Varine pelo apoio e orientação e estímulo que vem nos dando e a todos os moradores de Sepetiba, esse é só o começo.



Bibliografia:

SOARES, Bruno César Brulon. Revista Eletrônica Jovem Museologia - Estudos sobre museus, museologia e patrimônio. Entendendo o Ecomuseu: uma nova forma de pensar a Museologia Volume I Número 2 ,Agosto de 2006.


FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 2004.


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. Pedagogia da Esperança - Um reencontro com a Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 2004.


CLAIR, Jean. As origens da noção de ecomuseu. Cracap Informations, no. 2-3, 1976. p: 2-4. Trad: Tereza Scheiner.


MAGALDI, Monique Batista. Revista Eletrônica Jovem Museologia - Estudos sobre museus, museologia e patrimônio. O Ecomuseu do Quarteirão Cultural do Matadouro de Santa Cruz: estrutura e propostas. Ano I, número 1, Janeiro de 2006.